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Encontro Tajá de Fortalecimento de Lideranças e Territórios

pt Material de Apoio para o Encontro
Foto: João Victor Meireles João Victor Meireles

Na última semana, dos dias 20 ao 22 de agosto, em Salvaterra, na Vila de Joanes aconteceu o encontro Tajá de fortalecimento de lideranças e Territórios, encontro que foi promovido pela ONG Observatório do Marajó, e eu, João Meireles, fui convidado para participar como uma liderança de meu território. O encontro Tajá é resultado de uma jornada de pesquisa, troca de conhecimentos e informações com lideranças dos 17 municípios do Marajó. De modo a firmar o compromisso com o fortalecimento das agendas das comunidades, bem como, as discussões das questões que afetam nossos territórios em diferentes temas. Através das rodas, debates, plenárias, dinâmicas e materiais lançados, o encontro de fortalecimento foi um espaço de trocas, de ensinamentos e aprendizados, de convívio com outros, como nossos mais velhos ensinam de geração em geração, pela oralidade e escuta ativa. Espaço esse que foi dividido com o Observatório do Marajó.

Diversas lideranças de quase todos os municípios que compõem o Marajó Oriental e Ocidental estiveram presentes. No encontro discutimos diversas temáticas, dentre elas a Cultura como agente transformador em nossas comunidades e territórios. Iniciamos uma primeira rodada de conversas para nos apresentar. Logo em seguida, a gestora de Projetos da organização nos trouxe um panorama acerca da primeira coleta de dados obtidos para demonstrar o monitoramento da calamidade climática no Marajó, que teve como objetivo evidenciar a calamidade climática nos territórios Marajoaras. Em outas semanas, outros temas foram abordados, tais quais: o monitoramento nos investimentos públicos, o mapeamento da presença do Estado: como o estado está presente, mapeamento de medos, riscos, violências e inseguranças, dentre outros. E todas essas semanas e os indicadores que lhes competem foram coletados e monitorados com a metodologia de coleta de dados cidadãos.

Nessa primeira conversa sobre o panorama a coleta e o demonstrativo dos dados sobre a calamidade climática no Marajó, fomos levados a pensar em quais meios, estratégias e metodologias repassaremos esses conteúdos e conhecimento em nossas comunidades e territórios? Quais as campanhas de comunicação são adequadas para isso? Levando em consideração que em algumas realidades, as pessoas que conhecemos e que fazem parte de nossos territórios não sabem ler ou escrever. Por isso, entender quais canais e formas adequadas de linguagem são tão importantes para nós. E a partir dessa conversa e do “toró de ideias” nos deparamos com muitas vivências de lideranças que relataram muitos casos de desorganização social, como por exemplo: a ausência de um prédio do ministério público em determinado município, ou ainda, a desmobilização social. Isso tudo nos leva a perceber que nossos direitos enquanto munícipes são negligenciados. Mas vale ressaltar que estamos num momento político e é nosso dever levar nossas pautas aos candidatos, para que nos ouçam e que saibam que sabemos e queremos nossos direitos salvaguardados.

No segundo dia, falamos de temas voltados ao uso de drogas, por que as pessoas usam drogas? E também sobre redução de danos, que é um conjunto de práticas e políticas de saúde pública e bem-estar social que previne e minimiza eventuais riscos e problemas relacionados ao uso de drogas. O mesmo (redução de danos) atua informando sobre os riscos e qualidades de cada substância, bem como dosagens, misturas entre duas ou mais drogas, a importância do sexo seguro e de não compartilhar insumos para evitar infecções virais, além de oferecer acolhimento e cuidados em momentos críticos. Ainda passamos por uma matriz da política de drogas, que passa por quatro fatores importantes: Produção; Controle; Abuso de Drogas e Uso de Drogas.

  1. Produção (Uso da Terra e Economia): Cultivo de drogas a base de plantas, rotas e logística.

  2. Controle (Segurança Pública e crime organizado): corrupção, lavagem de dinheiro e crimes financeiros, perfilamento por raça, classe e gênero, droga como moeda comum de todos os crimes.

  3. Abuso de Drogas (Saúde Pública): Violência de gênero, trauma social, saúde mental e transtornos, doenças virais.

  4. Uso de Drogas (Direitos Civis): História, religião, cultura, ancestralidade, estigma.

No uso de drogas, que também é um fenômeno biopsicossocial, ou psicoativo há um contexto que deve ser levado em conta, que passa pelos traumas, desigualdades, comportamentos, inseguranças socioeconômicas. Que, em casos de usuários em situação de rua, o uso de drogas é uma estratégia de sobrevivência. E é justamente nesse contexto que a guerra às drogas é pautada, e não se fala tanto no quantitativo do uso de drogas.

Sobre o Observatório do Marajó

O Observatório do Marajó é um observatório de dados e indicadores de políticas públicas do Marajó e seus 17 municípios. É um espaço onde são criadas tecnologias e projetos para e com lideranças e comunidades quilombolas, tradicionais e ribeirinhas. O Observatório está aí para ficar de olho no que acontece no Marajó: se as políticas públicas estão chegando, se os direitos das manas, das juventudes, das crianças, dos mais velhos, dos agricultores e de toda população marajoara estão sendo respeitados e garantidos.

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